quarta-feira, 22 de junho de 2011

Nei Lopes

Nei Brás Lopes 9/5/1942 Rio de Janeiro, RJ
Compositor. Escritor. Cantor.
Nascido e criado no subúrbio carioca de Irajá. Morou no Lins, Grajaú e Tijuca. Mais tarde, em 1982, mudou-se para o bairro de Vila Isabel. Foi semi-interno da Escola Técnica Visconde de Mauá, em Marechal Hermes, lugar onde tomou consciência de sua negritude, influenciado por Maurício Teodoro (do Salgueiro), Carlos da Rosa (da Serrinha), e Pinduca (do Catete). Freqüentou a casa de Maurício e de Tia Dina, onde cantava-se muito samba e as tradições afro-brasileiras eram mantidas.
Integrou a Ala de Compositores e a Velha-Guarda do Salgueiro.
Publicou em 1963 poemas na Antologia Novos Poetas e mais tarde publicou textos na Revista Civilização Brasileira e no Jornal do Commércio.
Em 1975 foi contemplado com o prêmio "Fernando Chinaglia", da U.B.E. (União Brasileira dos Escritores). Também foi considerado pelo crítico inglês David Brookshae como um melhores poetas da negritude no Brasil.
No ano de 1999 em uma entrevista para o Segundo  Caderno do jornal O Globo, declarou:  "Deixei de ser mulatinho para ser negro, embora o processo estivesse longe da conscientização".
Ingressou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil em 1962. Depois da morte de seu pai, que não era muito a favor de que o filho cantasse e freqüentasse as rodas de samba, assumiu definitivamente o seu lado sambista, desfilando pelo Salgueiro em 1963. Em 1966 formou-se em Direito, trabalhando na profissão até 1970.
Entre as experiências enriquecedoras da casa da Tia Dina, inclui a amizade com Popó, que o levou para a religião africana mais radical - o candomblé tradicional, de fundamento baiano.
Por volta de 1978, aprofundou-se no estudo da religião, fez-se praticante, embora admitisse ver nessa entrega, acima de tudo, uma forma de integração, uma união cultural dos negros. Toda essa cultura e a consciência da negritude o tornaram um dos grandes conhecedores da causa negra, fato que transparece em seus livros e em suas composições, centradas na temática afro-brasileira.
Dentre seus livros mais conhecidos estão "O samba na realidade", Editora Codecri, em 1981; "Islamismo e negritude" (co-autoria com João Batista Vargens, 1982); "Casos crioulos", contos, de 1987; "Bantos, malês e identidade negra", de 1988; "O negro no Rio de Janeiro e sua tradição musical" (Pallas Editora, RJ) de 1992; "Dicionário banto do Brasil", de 1996; "Incursões sobre a pele", poesias, de 1996; "171 - Lapa-Irajá. Casos e enredos do samba", contos, em 1999, Editora Folha Seca; e no ano 2000, lançou "Zé Kéti, o samba sem senhor".
Em 1989 escreveu a revista "Oh, que Delícia de Negras!" (com músicas em parceria com Cláudio Jorge), que fez longa temporada no Teatro Rival, no Rio de Janeiro.
Escreveu, com Juana Elbein dos Santos, o encarte para o LP "Egungun, Ancestralidade Africana no Brasil".
Em 1997, em comemoração aos 80 anos da primeira gravação do samba "Pelo telefone" (Donga e Mauro de Almeida) a gravadora EMI/ODEON lançou a caixa "Apoteose ao samba", na qual, além dos discos, foi também encartado um livreto com dois textos: um de sua autoria "Uma breve estória do samba" e outro de Tárik de Souza.
Entre 1999 e 2000, respectivamente, teve encenado pelos alunos de teatro do Centro Cultural José Bonifácio, da Prefeitura do Rio de Janeiro, dois musicais: "Clementina" (sobre a vida de Clementina de Jesus) e "Dona Gamboa, Saúde" (sobre a história da região portuária, um dos berços do samba).
Em 2001 publicou "Guimbaustrilho e outros mistérios suburbanos", pela Coleção Sebastião, lançada nas bancas de jornais pela Editora Dantes.
No ano de 2003 lançou o livro "Sambeabá - O samba que não se aprende na escola", com ilustrações de Cássio Loredano e apresentação de Luiz Antônio Simas (Editoras Casa da Palavra e Folha Seca). O livro foi lançado no Centro Cultural Carioca, no Rio de Janeiro.
No ano de 2004 publicou, pela Summus Editorial/Selo Negro, "Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana".
No ano de 2005 foi lançado o livro "O samba do Irajá e de outros subúrbios: um estudo da obra de Nei Lopes", de Cosme Elias, originalmente uma dissertação de mestrado do autor.
Em 2006 publicou "Partido alto, samba de bambas" (Editora Pallas) e "Kitábu: O livro do saber e do espírito negro-africanos", pela Editora Senac-SP, livro no qual fez uma análise filosófica e literária da África e sua diáspora, seus povos, suas línguas e suas religiões na visão dos próprios africanos e dos europeus.
Para teatro, compôs trilhas para as peças "O perverso sonho da igualdade" e "Auto da Indendência", ambas de Joel Rufino dos Santos.
Participou de diversas antologias poéticas.
Entre as honrarias recebidas destacamos o troféu "Golfinho de Ouro" (Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro), do Governo do Estado do Rio de Janeiro; "Prêmio Tim de Música" e a "Ordem do Mérito Cultural", conferida pelo Governo Federal na Presidência de Luíz Inácio Lula da Silva.
Em 2009 lançou o primeiro romance intitulado "Mandingas da mulata velha na Cidade Nova" (Editora Língua Geral). Neste mesmo ano foi lançada a sua biografia escrita pelo jornalista Oswaldo Faustino para a "Série Retratos do Brasil Negro", da Editora Negro Edições.

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